Eu já quebrei em inúmeras provas… E você?
Já ouviu esse termo “quebrar”?
“(…) ‘Quebrar numa corrida’ é uma expressão tradicional do universo do corredor. Para quem não está familiarizado com esta linguagem, “quebrar” é sinônimo de estar correndo em um ritmo e ser forçado a diminuí-lo ou até a abandonar um treino ou uma prova.
Embora seja algo muito temível e indesejado, quebrar é sempre um risco que se corre, sobretudo pelo fato de o corpo humano possuir milhares de variáveis – ou quando se busca superar limites. Quanto maior for seu objetivo e quanto mais você arriscar, mais próximo andará desta linha tênue entre o sucesso e a quebra. Completar um treino ou prova em ritmo conservador é uma coisa, mas sempre que buscar algo mais como um recorde, o risco será sempre maior. Tanto que não é conhecido um grande atleta em nível mundial que não tenha quebrado alguma vez.” (Nelson Evêncio, Consultor Webrun da seção Dicas de Treinamento)
Os principais motivos para uma quebra em treinos ou provas são:
1) Correr provas sem ter treinado;
2) Correr mais forte do que treinou;
3) Não se alimentar bem antes de treinos e provas;
4) Não fazer uma hidratação correta (líquidos em excesso também podem provocar um desequilíbrio no organismo);
5) Não se recuperar direito após treinos e provas;
6) Não dormir bem;
7) Encontrar condições climáticas adversas;
8) Problemas pessoais.
Tudo isso influencia no rendimento da corrida…
Como disse, eu já quebrei em várias provas… E percebi que cada corrida é uma experiência adquirida… Em cada prova que participamos, aprendemos algo novo e vamos ganhando experiência e maturidade… Nessa que relatarei a seguir, eu descobri o espírito de companheirismo e amizade dentro de uma prova…
Amanhã (14/09/14) ocorrerá a Etapa Fogo da Eco Runner, um circuito da LIFESPORTE com 4 etapas de corrida e caminhada que está na sua 6ª edição…
No ano passado participei das 4 etapas e guardo as medalhas com muito carinho (elas se encaixam e formam uma linda mandala) e também os 4 troféus de categoria!
Fiz um monte de amigos em Bauru e carrego no peito cada um deles…
Daí, vendo as postagens da galera animada com a corrida do próximo final de semana, começou a passar um filminho na minha cabeça sobre essa prova…
No meu caso, descobri o verdadeiro espírito de companheirismo dessas duas queridas e iluminadas amigas, que poderiam ser (mas nunca foram) minhas “rivais”:
No ano passado, as quatro etapas tiveram a largada e chegada no mesmo local, o Parque Vitória Régia, e em cada prova eu estava me superando e baixando meu tempo, junto com o Fábio… Estávamos fazendo 10 km em 50 minutos (não nessa prova) e sonhávamos muito com o sub 50… Nessa etapa achei que alcançaria o meu objetivo!
O percurso era de duas voltas, dá uma olhada:
Já começava com uma subidinha… Rsrsrs
Era um sobe e desce danado até terminar a prova! Hehehe…
Eu larguei muito forte…
Sei lá, achei que estava bem, pois havia me alimentado certinho durante a semana, descansado o suficiente, treinado de acordo com o que a treinadora passava, mas não deu.
Senti dores abdominais, “dor do lado”, não conseguia controlar os braços, praticamente me arrastava…
Tem dia que não vai, ué… Rsrsrs
Mas se eu tivesse alcançado o sub 50 que tanto busquei nessa prova, não teria enxergado o lado mais importante, que foi a emoção de receber ajuda quando precisei!
É claro que todo mundo quer se superar, não é essa a questão no momento, eu também corro às vezes para fazer meu tempo e melhorar, mas tem dias e dias e também corridas e corridas!
Na segunda descida do percurso (quase no km 6), avistei a Valéria andando a uns 200 metros na minha frente… Pensei: “Como assim??? Era para a Valéria estar lá na frente!!!”
O Fábio tentava me animar, mas eu não conseguia correr… Segurava o choro e a dor, tentava dar uma trotada, totalmente sem controle e sem equilíbrio, os braços não acompanhavam o movimento das pernas…
Daí ouvi um grito lá na frente: “MARÍLIAAAAAAA!”
Era a Valéria!
Ela me esperou!
Quando ouvi esse grito, me arrepiei dos pés à cabeça! Não sei de onde tirei forças, mas consegui chegar no Fábio e descemos juntos para encontrá-la!
Cheguei na Va e falei que não estava bem… Ela também não estava… Comentou que tinha sido burra em forçar muito na subida e estava pagando o preço! Ela falou que se eu estivesse bem, que poderia prosseguir no meu ritmo, mas não fui. Falei que correrria com ela até o fim e que chegaríamos juntas… Nem se eu quisesse correr mais forte, não conseguiria… Estava acabada…
Mais um quilomêtro no trotinho e quem chega na descida??? Iza!!!
A Iza estava ótima, correndo feliz e num ritmo muito bom! Poderia ter ido embora, mas não foi. Ficou com a gente! Que honra!
E começa o subidão de novo…
Subimos conversando… eu só reclamando, na verdade… Rsrsrs
No km 8, comecei a me sentir muito mal e… VOMITEI CORRENDO! O engraçado é que a Valéria foi parceira até na gorfada, porque começou a vomitar também! kkkkkkkkkkkkkk
Dou risada agora, mas na hora foi uma sensação muito louca, sabia?
Ouvi a ambulância chegando… Senti vergonha…
Disfarcei, dei mais uns passinhos e não consegui continuar… subi no canteiro para não atrapalhar os outros corredores e dei mais uma vomitadinha! Rs
Voltei na rua e falei para as meninas que essa história de chegar junto com elas estava fora de cogitação para mim, que eu abandonaria a prova…
Daí, ouvi aquele “sermão” das duas!
A Iza, toda calma, dizia que já tinha dado tudo certo e que chegaríamos juntas SIM!
A Valéria já gritava: “SE VOCÊ PARAR, EU PARO! Falta pouco mais de 1 km! Nós vamos conseguir! Essa dor vai passar e nós vamos concluir essa prova!”
Realmente a dor passou!
Fomos trotando até o km 10, quando avistamos a linha de chegada (a prova tinha um pouquinho mais que 10 km), demos as mãos e chegamos JUNTAS, como havíamos combinado!
O Fábio acabou sentindo o joelho… Não sei dizer o que aconteceu, já que nada é por acaso, mas acredito que foi porque ele teve que diminuir muito o ritmo para me esperar… De qualquer forma, ele também ajudou alguém que estava precisando!
A “Etapa Fogo” da Eco Runner foi fogo mesmo!
Um dos fatores para eu ter quebrado na prova foi o calor???
Pode ser! Mas eu tinha que passar por isso!
A bagagem que carrego dessa prova ficará para sempre em minha memória!
Gratidão às amigas de outras equipes, mas unidas pela mesma paixão!
Essa “Oração do Corredor” é demais! Já postei aqui, mas merece um replay, pois se encaixa direitinho com a Etapa Fogo da Eco Runner Bauru:
Que eu possa correr ao lado de amigos, e se não de amigos, de gente gentil, que respeite minhas limitações e se compadeça do meu esforço, tendo sempre na boca uma palavra de estímulo para me ajudar a vencer a ladeira interminável ou a última reta da prova. (Marcos Caetano – jornalista e colunista esportivo)
Acho que é isso! Desejo a todos que participarão da Etapa Fogo uma ótima prova amanhã! Não tentem inventar moda! kkkkkkk Façam na prova o que fizeram nos treinos e o que tiver que ser, será! Grande beijo!
Nossa Gabs!!!
Me emocionei ao ler sobre essa Etapa Fogo da Eco Run!!!
Logicamente que imagino você ajudando uma pessoa em uma prova, mas nunca imaginei a situação contrária: você “quebrando” e precisando de incentivo. De fato todos temos dias bons e dias ruins, mas deve ter acontecido algo nessa prova que afetou a tanta gente assim (calor excessivo, algum acontecimento na cidade que abalou psicologicamente as pessoas,…) a ponto de o pessoal do apoio médico ter bastante trabalho..
Espero que tenha um ótimo final de semana!!! =)
Beijo!!!
Lembro muito bem dessa prova e do quanto todos sofreram! Muito legal relembrar, fiquei até arrepiado!
Mais um post muito bem escrito e emocionante! Muito bom, meu amor! Continue assim!
Que linda matéria. Lembro muito bem desse dia, estava realmente muito calor.
No ultimo quilômetro nós três juntas (aquela ultima subidinha não foi fácil, kkkk) e na linha de chegada de mãos dadas, momento único provando que uma amizade vale mais que um pódio ou um resultado. Com certeza se uma de nós abandonasse a outra só pensando em metas não teríamos essa mesma satisfação ao lembrar desse dia.
Correr é um presente, além de melhorar a saúde, vencemos nossos desafios, conhecemos pessoas incríveis e uma delas foi você Marília.
Obrigada pelo carinho, você tem uma energia que contagia todos a sua volta, tem tudo pra brilhar e alcançar seus objetivos.
Saudades, beijos…..
Perai vou ali chorar e já volto!
Foi a prova mais sofrida e também a prova que nunca vou esquecer! Lendo esse post foi passando todo o filme novamente na minha cabeça. Eu precisava de ajuda mas também precisava ajudar você. Porque não tem como seguir adiante sabendo que alguém precisa de uma força sua, precisa de um grito, precisa de um incentivo, precise apenas que você esteja ali do lado correndo junto, porque era somente uma competição de corrida e neste dia estávamos tentando ser mais forte do que aquela voz interior dizendo pra gente parar, mas quem manda no nosso corpo é nós e vencemos e concluímos a prova. Obrigada Isa e Marilia por estar do meu lado quando eu mais precisei.
Nossa Gabs! Me arrepiei inteirinha! Parabéns pela vitoria! Pela superação… Mesmo quebrando na prova você ainda fez um tempo lindo (eu acho!)! rsrsrs…
Beijo grande e continue assim inspirando todo mundo!
Lembro desse dia, um calor do cão! kkk… e a nossa neura pelo sub 50′! Tudo tem seu tempo né? Uma hora vem naturalmente a tão desejada meta de tempo… quando estamos preparadas! 🙂 Falando de quebrar, quebrei feio numa Longevidade em Ribeirão Preto em 2012, foi bizarro. Parei a prova no terceiro km com muita tontura e sentei na calçada evitando um desmaio. Não conseguia nem levantar pra andar. Não conclui a prova evidentemente e apesar da inevitável sensação de derrota, serviu como aprendizado. Vc disse tudo: tem dia que não vai. Outro caso fui no 10k de Jaú ano passado, acho que larguei forte demais, e terminei a corrida ultra mal, com o ritmo bem reduzido. Outro aprendizado. 🙂
É Gabi.. a de 2014 estava fogo tb, e que fogo !!!!
Nossa, os olhinhos ficaram cheio d’água…
Obrigado pelo ensino e pela motivação!!