Ana Audun – @corracomigo

“Tudo é possível quando sonho e a vontade de realizar andam juntos”.

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Olá, eu sou a Ana Audun, autora do blog CorraComigo www.corracomigo.com. Há quatro anos eu comecei a correr. A corrida é um esporte simples e prático, “super fácil” de começar, podemos praticar a corrida de rua em qualquer lugar, e para iniciar, a única coisa que é necessária é um bom tênis, essa praticidade logo me atraiu.

Depois de 3 anos na Dinamarca eu havia aumentado um pouco de peso, e achei que a corrida iria me ajudar a perder os quilinhos extras e substituir a academia, já que não me adaptei ao estilo das academias dinamarquesas.
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Já nas primeiras vezes que tentei correr na rua, achei o esporte muito difícil, ficava morta depois de 500 metros correndo, mas ao mesmo tempo adorei a sensação de liberdade, tinha encontrado um esporte para chamar de meu.
Como eu não tinha nenhuma noção sobre corrida naquela época, comprei o kit do Nike+, que tinha um podômetro que encaixava no tênis e planos para aprender a correr 5k e 10k gratuitos.
Comecei com o de 5k, me senti imensamente vitoriosa quando consegui terminar os meus primeiros 5k, e logo depois já me inscrevi em uma corrida de 10K.
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Depois de três meses participei e completei os 10k, lembro que o podômetro marcava a distância errada (eu não sabia, claro!) e quando o Nike+ avisou 10k, eu tinha acabado de passar os 7k, sofri mas cheguei no final!
Naquele momento, já estava viciada em correr na rua, sempre encontrava um tempinho para correr nem que fosse 3k, mas logo comecei a sentir muitas dores no joelho, um dia não conseguia sequer esticar a minha perna, os amigos falavam: “Ana para de correr!” Mas parar como, agora que eu tinha me encontrado na corrida de rua? Naquele ano passei o réveillon inteiro sentada com dores, sem conseguir levantar.
Resolvi ir no Fisioterapeuta, assim que ele olhou o meu joelho, ele perguntou se eu tinha caído! “Não!” – respondi, e logo me lembrei do cisto.
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Eu tenho um cisto benigno em um de meus joelhos. Eu descobri o cisto quando tinha 12 anos, desde esse tempo eu convivo com ele sem problemas, mas é claro que tem algumas coisas que eu não posso fazer como pular muito, agachamento com peso e assim vai, com corrida eu nunca tinha tido problemas, mas também nunca tinha sido corredora antes, nunca tinha tentado correr mais que 30 minutos…
O Fisioterapeuta falou que eu jamais correria mais de 5k, resultado: troquei de fisio.
Na consulta com o segundo Fisioterapeuta que é especialista em esporte e já foi fisio da seleção de triathlon daqui, a conversa já foi outra…
“Vamos fortalecer os músculos  ao redor do joelho e ver se você consegue voltar a correr” – disse ele.
Comprei a bola de yoga e um colchonete, passei a fazer os exercícios que o fisio passou religiosamente, consegui começar a correr 10k sem problemas, mas quando aumentava a distância sentia dores, e não só no joelho, mas tive problemas também problemas na coluna, no calcanhar, tudo porque eu alterava a pisada para dar suporte ao joelho de forma inconsciente.
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Junto com o fisio fizemos um trabalho para fortalecer o corpo todo, e minhas visitas passaram a ser uma a cada 4 ou 6 meses, foi quando eu coloquei na cabeça que queria correr uma meia maratona.
Falei para o Fisio e ele achou que eu conseguiria mas já  me avisou que não era para eu sonhar com maratona, e sim curtir a meia para ver o que acontecia. Nos meus treinos eu usei o método Galloway, onde você anda e corre, então a cada 5k eu tinha que andar 40s, e de forma paralela passei a fazer sempre no mínimo 2x por semana 15 minutos de yoga, e 20 minutos de fortalecimento muscular.
Consegui terminar a meia com muito sacrifício, e muitas dores, porém depois de 3 anos já terminei 7 meias e na última não senti necessidade de andar, corri do início ao fim sem problemas e o melhor, nem dores no dia seguinte eu senti, além de ter feito 30 minutos mais rápido que a primeira meia, “devagar e sempre” é o meu lema.
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Quando contei para o fisio, ele ficou muito satisfeito, foi quando eu soltei: “Será que eu consigo correr uma maratona?” Ele foi sincero e me disse logo a real “Eu acho que você está pronta para tentar, mas me prometa que se você sentir dor ou o cisto não aguentar, você vai desistir da ideia, vamos ver como você se sai nos treinos longos e aí tomamos uma decisão”.
Quando saí da clínica e cheguei no trabalho, me inscrevi na maratona de Copenhague (o diário completo sobre a minha maratona pode ser lido aqui http://corracomigo.com/?p=939).
Segui os exercícios de fortalecimento à risca, comecei a treinar nos domingos com um grupo de corrida que tinha o mesmo objetivo: Correr a maratona de Copenhague.
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Iniciei os treinos em Outubro, treinei o inverno inteiro no escuro, no frio, com chuva e com neve, sofri, mas sabia que além de fortalecer  meu corpo, aquilo também era um treino mental. Ia correndo para o trabalho (lá tem toda a estrutura para deixar roupa e tomar banho) e às 7:45 já estava tomando o meu café).
Fiz  tudo como manda o figurino e senti o meu corpo ficando mais forte, adicionei treinos de bicicleta e natação para complementar a corrida, corria 3x por semana, fazia 15 minutos de yoga 2x por semana e o fortalecimento 20min 2x por semana, mesmo assim um mês antes da maratona no treino de 30 km, comecei a sentir dores no joelho depois do km 21.
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Eu já tinha corrido 25 km diversas vezes e fiquei chateada, normalmente a qualquer sinal de dor eu paro o treino, mas aquele era o treino mais longo os temidos 30k, se eu parasse ia acabar com o meu psicológico para a maratona, eu tinha que terminar, deixei o grupo que eu corro de pace 5:45 e saí com o 6:00, depois de um tempo também não consegui acompanhar aquele grupo, um misto de pânico e dor tomou conta de mim, não sentia cansaço algum, mas eu sabia que uma lesão naquele momento poderia acabar com o meu sonho, terminei o treino com o grupo 6:15, alonguei muito quando cheguei em casa e no outro dia já estava no Fisio.
Ele me examinou e disse “o cisto está bem, você esta com joelho de corredor no mesmo joelho do cisto mas na outra lateral”, eu não sabia se ficava alegre porque o meu cisto estava aguentando o tranco ou se chorava por ter pego uma lesão destas em menos de um mês para a prova.
Suspendemos os treinos de rua, passei a fazer treinos mais longos de bike e correr dentro da piscina, estava melhorando aos poucos.
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Uma semana antes da maratona, viajei para a Espanha, pois fui convidada a conhecer um hotel de treinos para triatletas em Lanzarote, num dia de muita ventania tinha saído para pedalar e o vento acabou me derrubando, sofri um acidente feio, não conseguia andar, saí da rua de ambulância, e cheguei no hotel de cadeira de rodas, era um domingo, faltava uma semana para a minha maratona e eu ainda não havia desistido.
No dia seguinte fui no pronto socorro trocar as ataduras, perguntei para o enfermeiro se eu poderia correr domingo, ele olhou para a outra blogueira minha amiga que estava junto e falou “Ela está louca? Quem sabe em um mês…” As lágrimas caíram na hora, mas eu ainda pensava, “posso melhorar!”.
No dia seguinte ao chegar no aeroporto, a moça do balcão quando me viu, me mandou sentar e foi buscar uma cadeira de rodas para me levar ao portão de embarque, achou um absurdo eu estar andando naquelas condições, aquilo foi uma facada no meu peito! “Acabou o meu sonho, vou ter que esperar para fazer essa maratona em outro momento”.
Na quinta feira eu fui novamente trocar os curativos agora aqui na Dinamarca e a minha médica queria olhar, quando ela tirou as ataduras eu não estava acreditando no que estava vendo! Eu já tinha pele e estava me recuperando muito rápido! Ela disse que eu não precisava mais usar as ataduras, e eu cabeça dura já perguntei logo, “será que posso correr?”
Ela me olhou e disse: “Se já tiver casquinha no sábado você tenta, mas se começar a sangrar ou abrir, pare de imediato, ok?”
Ok…
No sábado eu tinha casquinha e decidi ir na maratona, estava preparada mentalmente para desistir se sentisse dor.
No domingo ao iniciar a prova, comecei correndo bem devagar experimentando com a velocidade para ver o que dava para correr sem dor, e a cada 5k eu andava 30 segundos para beber água e dar uma trégua para o joelho, os primeiros 5k foram tranquilos, já no km 10 comecei a sentir um pouco o joelho, devido a lesão joelho de corredor, aliviava depois que eu fazia a pausa para andar os 30 segundos.
Depois dos 20k  a dor começou a aumentar muito e eu fiz uma pausa maior de caminhada, eu sabia que deveria parar mas minha mente não estava preparada para tal, no km 23 tive que andar novamente e sabia que meu amigo estava me esperando no km 24, corri mais um pouco e nada, no km 25 la estava ele, parei quando o avistei e abri os braços, ele sabia que eu queria um abraço.
Eu estava quase chorando de dor, e ele falou “Ana, quer parar?  Saia da prova, depois você tenta outra!” Eu não queria sair mesmo com dor, eu queria terminar, já tinha sofrido meses para chegar até ali, privações com os amigos, família, o frio, a neve, eu queria terminar aquilo de qualquer forma, pedi para ele andar um pouco comigo.
Chegamos na estação de água, peguei um energético, umas frutas e comi, uma das ajudantes bateu o olho no meu joelho aberto da queda de bicicleta, no meu ombro todo arranhado e nos inúmeros roxos que estava pelo corpo e perguntou se eu estava bem, eu falei que sim, quando eu saí de lá correndo, todos os ajudantes me aplaudiram e gritaram meu nome, saí dali emocionada, e deixei meu amigo com o coração na mão, mas sabia que iria encontrar com ele novamente no km 38.
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Segui meu caminho, muita crise, mas não pensava em desistir nem um momento, pensava comigo: “Quando chegar no 30, acabou! Você consegue, Ana!” e então começou a chover, uma chuva torrencial!
No 32 as dores estavam insuportáveis, não sabia o que fazer se parava ou corria, chorava! Diminuí o passo…
No km 38 as dores estavam insuportáveis, estava desesperada o choro querendo sair, segui correndo na chuva, quando eu vi a linha de chegada, já estava me emocionando, e ouvia as pessoas gritando: “Você consegue, está acabando”…
Em algum momento eu não ouvia mais nada, só conseguia olhar para a linha de chegada! Quando eu terminei, desabei e chorei! O choro que tava segurando desde o km 24, o choro de dor, de alegria, de não acreditar que tinha me tornado maratonista naquelas condições, depois de uma lesão e de um acidente, de anos de fisio para fortalecer o joelho do cisto…
Aprendi naquele momento que nossa única limitação  está entre nossas orelhas!
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Ana Audun
Twitter: @corracomigo
Instagram: @corracomigo

Também sou responsável por uma revista de corrida 100% Digital a Healthy Runner confira aqui: www.revista.corracomigo.com

Sobre Marília Gabriela

E aí, tudo ótimo com você? Maravilha, né? Se você chegou até aqui é porque está buscando junto comigo dar um SALTO QUÂNTICO na Evolução Espiritual! Porque gente boa se atrai! Entendeu? Eu sou a CorreGabs, seja muito bem-vindx, ao meu blog! 40 anos, corredora amadora desde 2010, Maratonista desde 27/07/14 e amante da vida saudável! Não espere muita coisa além de: corrida, roupas e acessórios para prática de esportes, agenda de corrida, academia, motivação para corrida, alimentação saudável e corrida! 😆 Na verdade vamos falar de tudo que envolve a expansão da consciência! Porque tá tudo conectado! Sigamos no caminho da luz! Namastê!

2 pensou em “Ana Audun – @corracomigo

  1. Nossa, belíssima história de uma pessoa maravilhosa que é a Ana. Terminei de ler aqui e as lágrimas desceram… Obrigado Ana e Gabi, vocês me inspiram a seguir em frente.

  2. Parabéns, Ana!
    Já te acompanho faz tempo pelo IG. Seu relato me deixou muito emocionada, principalmente porque já vivi a emoção de completar uma maratona.
    Que venham os próximos desafios. Vc é uma guerreira! <3
    bjs
    Camilla @camillabaz

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