Oi gente! A linda, maravilhosa, colorida e tudo de bom da Gabs me pediu um relato meu sobre a corrida… Então vamos lá!
Comecei a correr há muitos anos já. Mas não comecei a correr por prazer. Não. Comecei a correr porque achei que talvez fosse a maneira mais rápida e fácil de emagrecer. Não, eu não era gordinha. Eu sou uma mulher como todas, que vira e mexe “encana” com defeitos. E, nesta época, há uns doze ou treze anos atrás, eu cismei que precisava perder uns três quilos. Fazia faculdade e trabalhava numa multinacional, tinha uma rotina maluca, acordava às 4h30 e ia dormir sempre mais de meia-noite, tomava sete ônibus (lotados ao quadrado) por dia, aos finais de semana realizava grandes eventos, então arrumar um tempo pra ir à academia era algo pelas leis da física impossível. Sempre pratiquei esportes, nunca a corrida, até começar a faculdade, e sentia falta deles no meu corpo. Minha alimentação sempre foi a maior parte dela saudável, sem frituras, refrigerantes, excessos de toda sorte… Então depois de muito espremer meu cérebro buscando o que poderia fazer, concluí que a corrida talvez fosse minha tábua de salvação.
Primeiro passo: arrumar um tênis, pois meu All Star azul não deveria ser adequado. Comprei o dito naquele site famoso, de artigos esportivos. Meu critério foi filtrar por “tênis de corrida” e posteriormente organizar o resultado deste filtro por “preço, do menor ao maior”, onde claramente comprei o que julguei mais barato e ao menos bonitinho – lado feminino falando aqui de novo, vaidade, né?
Bom, tinha tênis… roupa pra correr? Não tinha não. E como todo bom universitário, nenhum dinheiro pra comprar nada, já tinha feito muito comprando meu tênis em suaves e eternas prestações. Então fucei no guarda-roupa e peguei aquilo que achei mais confortável: uma camiseta surrada e um shorts velho de paninho, que até então usava pra fazer faxina e agora também estava oficialmente escalado pra ser minha nova peça de prática de esportes.
Dia seguinte: É… a música aliviou. Pelo menos o tédio mental. Não as dores que insistiam em gritar que eu parasse porque era muito chato.
Durante a corrida passaram do meu lado simplesmente todos os corredores nas condições mais adversas que se pode imaginar… tinha a certeza de que seria recolhida pela galera que tira os cones ao final da prova. Tempo final: 57 minutos nos 6 Km… eu não entendi muito o que aquilo significava, mas quando saiu o resultado oficial, fiquei de verdade feliz em ver que não fui a última. Esta prova foi em setembro.
Nesse dia vi que estava perdida e completamente viciada. Investi parte do meu 13° na compra de um shorts adequado, um top (é, eu corria de sutiã) e uma meia boa. Terminei a faculdade e entrei na academia.
Corrida pra mim é além de tudo auto-conhecimento. Como descreveu de maneira brilhante o Drauzio Varella no livro “Correr”, a mente do corredor é um caleidoscópio. Durante as corridas, eu tiro tudo de dentro de mim. Tem gente que sente isso em banho de mar. Eu sinto na corrida – não gosto de mar, vejam que moro no nordeste há mais de doze anos e continuo branca como a coalhada. É a hora em que eu brigo com um monte de gente, falo na cara tudo o que eu queria, analiso as críticas que recebi, faço as pazes com quem eu briguei (tudo mentalmente, atentem-se a este fato), tiro cada coisa das gavetas emocionais que nem sabia que estavam lá me incomodando.
Ah, lembra a minha primeira corrida, aquela que eu terminei com 57 minutos os 6 km? Tive o prazer de subir no pódio três vezes. Eu sou meio vingativa de mim mesma e precisava provar pra mim as minhas capacidades, rs. Peguei vários outros também, e foi tudo obra do acaso, eu não tenho assessoria, não tenho personal, não sigo planilha… treino por instinto. Pace hoje de 4’20. Não estou recomendando a prática. Ah, também não tenho Garmin… nem Polar. Nem nada do tipo. Só uso o App da Nike e Spotify. Dieta? Já fiz mega certinho, pesando os gramas de tudo, comendo dúzias de ovos por dia… e em uma das corridas decidi tirar a faca que eu mesma coloco no meu pescoço. Pra quê mesmo eu estava me privando de um vinhozinho de vez em quando? Pra quê eu tinha parado de comer chocolate que amo tanto? Já tenho uma vida bastante saudável na mecânica: comer coisas saudáveis, tomar água, fazer exercícios… então na questão mental isso também precisava seguir este padrão, e ele passa pela felicidade. E vi que a minha estava além de um abdômen com seis gomos. Estava nas risadas, no prazer de uma comida gostosinha servida pela vó, na cervejinha enquanto um amigo conta fatos da vida… E daí as engrenagens começaram a fluir de maneira bem mais harmônica. Claro que cada um sabe onde estão suas prioridades, e as minhas estavam nesse equilíbrio individual e único de cada um. Há uns dois anos até de malhar glúteo eu tinha parado, porque odeeeeeio fazer exercícios pra glúteo e além do mais, eu já tinha casado mesmo… mas agora separei, né, então tem que malhar de novo, rsrsrs…
A autora deste artigo, eu conheço deste quando ela tinha uns 15 anos…acho. Enfim… Uma vida inteira de amizade. Este artigo mostra o que ela é. Corre atrás, se esforça, não desiste. Um grande exemplo de pessoa a qual tenho a honra de chamar de amiga. Parabéns pelo artigo!